Major da PM, o deputado estadual Olímpio Gomes (PDT) diz que o ex-soldado Florisvaldo de Oliveira, Cabo Bruno, tinha um forte sentimento de Justiça, mas acabou se tornando um justiceiro.
Folha - Quem é o cabo Bruno?
Olímpio Gomes - Era muito bom policial no serviço e um sujeito com sentimento de Justiça. Ao longo do tempo, ele acabou tendo um comportamento de justiceiro. Em um momento, começou-se a ter a cultura que, se não foi ninguém, foi o Bruno. Ele acabou assumindo problemas que não eram dele.
Mas ele foi condenado.
Sim, teve uma série de condenações porque assumiu um perfil de justiceiro e cometeu crimes. Acho que foi uma das pessoas que mais cumpriram pena no país. Foi preso com 25 anos e ficou 27 preso. Ficou mais em confinamento do que em liberdade.
Qual é a sua relação com ele?
Não trabalhamos juntos. O Bruno pintava quadros no presídio e a mulher dele, que estava com extrema dificuldade financeira, pediu para ajudá-la. Comprei alguns quadros e indiquei algumas pessoas para ela vender. Tive contatos com ele quando precisei visitar o presídio.
E como ele é?
É um cara absolutamente tranquilo, calmo.
O sr. tem ideia do motivo de ele ter praticado esses crimes?
Muitas pessoas sonham em ser polícia. Alguns realizam esse sonho, mas vários ficam com um sentimento de que a Justiça não foi feita. Infelizmente, há uma minoria que, por causa dessa decepção, acaba desviando o caminho e se tornando justiceiro.
Ex-PM deve ter Jesus no coração, afirma advogada
Advogada que auxiliou na acusação da Promotoria contra o Cabo Bruno, Neide Caetano diz que espera que ele esteja recuperado.
Folha - Como teve contato com o caso?
Neide Caetano - Até 1988, trabalhei no Centro Santo Dias de Direitos Humanos e recebemos várias denúncias de pessoas da região sul sobre assassinatos.
Como o Cabo Bruno ficou famoso?
Na década de 1980, as pessoas diziam que havia um esquadrão da morte que agia na região sul da cidade. Comerciantes contratavam policiais para matar ladrões. Um dos policiais se destacou, era o Cabo Bruno.
Como vê a soltura dele?
Tenho tendência a achar que ele tem direito a recuperação. Pelo que li, ele se tornou pastor evangélico. Agora ele deve ter Jesus no coração. Acredito e espero que agora ele não cometa mais nenhum crime.
Fonte: Folha de São Paulo | Divulgação: Midia Gospel